terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Fui



Viajei. Natal, com certeza, em Entre Folhas. Ano Novo não sei, vai depender dos acontecimentos. Volto a postar.

Marcada para dia 12 de janeiro, tarde/noite de autógrafos do Livro "FALA, FILHO DA MÃE!!!" na Borrachalioteca, programem-se.

A Borrachalioteca é um projeto do meu amigo TÚLIO DAMASCENA. Fica na saída de Sabará, no Bairro Caieira (Chão Preto) e vem abocanhando todos os premios do Ministério da Cultura. Vale a pena conhecer.

Até lá então.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Orelhas

Como eu disse por ai, uma firula minha, levou-me a potencializar a necessidade de dar preferência a fazer uma edição doméstica de meu livro.

Como o responsável pelo serviço, não se desincumbiu de forma correta, criando um protótipo de obra meio desajeitada (eu tenho dito aos meus amigos que, no dia em que eu ficar famoso, esses exemplares - 238 apenas - se transformarão em unidades valorosas) mandei fazer uma outra edição onde corrijo alguns erros, inclusive aqueles de afronta à lingua.

Preparem-se. Guardem muito cuidadosamente o seu exemplar, pois.

Mas, para que tudo se complete, vai aí as orelhas que foram aparadas pelo discípulo indisciplinado:

"Quem abre um livro de Poesia e Prosa com a intenção de lê-lo, estabelece um diálogo sem som audível, mas presente no som que se sente. Assim são os diálogos da alma humana banhados pela arte. Não é a voz ordinária do noticiário, nem a voz educacional da profissão, ouve-se, fala-se, troca-se impressões e idéias e como resultado somos um novo Ser, mais sensível, mais humano e mais feliz.

Como você foi atraído, como muitos, para esta pequena “orelha”, te recomendo, mergulhe no grande ouvido, que exsurge da obra de Wagner M. Martins. Na grande boca, desse modo incomum de narrar os fatos. Um estilo que não pode ser explicado, mas sentido.

“Fala, filho da mãe!!!” trás a narrativa de uma conversa de esquina, de final de noite. Uma intromissão feliz, que nos acomete de um sentimento ora de infância, ora de ingenuidade, ora de amadurecimento. É conversa descomprometida, descompromissada.

A entrada de Wagner M. Martins no mundo das letras, não é nenhuma surpresa. De a muito seus rabiscos ressoam em círculos restritos, porém num meio qualitativo, sério. Já não era sem tempo de nos trazer a público a impressão de sua leitura do quotidiano inenarrável da cidade do interior, numa mescla com a modernidade e com a dinâmica da cidade grande. Seja bem vindo e boa conversa.

Pr. Alair Ribeiro"

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Erro de Cálculo

A mania de querer ser muito certinho às vezes me deixa com brocha na mão. Paguei um grande mico na edição de meu livro. A falta de profissionalismo da editora me fez sentir meio impotente.

Meu amigo Elias Rodrigues, grande poeta, grande artista plástico, escritor que brinca de escrever (descobri muito recentemente que ele entende de bongô, igual o Jô Soares!), incumbido de fazer as orelhas do livro, aceitou o meu pedido e fez. O problema foi o tamanho da orelha. Deu a impressão que o meu livro ia voar. Resolvi então, transformar aquilo numa resenha. O "desprofissional" da edição comeu um pedaço e regurgitou o outro. De sorte que uma parte ficou repetida e a outra não saiu.

A solução que tentei dar ao caso não foi obedecida pois nem a orelhinha que o Pastor Alair mui gentilmente elaborou o "desprofissional" foi capaz de colocar.

Aos que adquiriram o livro, vejam então aqui, a integra da resenha do Elias, que ficou muito bonito, não porque ele falou de mim não, é porque ele escreve muito mesmo. Só Chico Buarque pra dar conta dele.

Vejam:


"O QUE SERIA UMA ORELHA

“Fala, filho da mãe!!!”
Wagner Moreira Martins
por Elias Rodrigues de Oliveira
artista plástico e escritor



Em nossa terra natal, as pessoas têm dono. O autor deste “Fala, filho da mãe!!!” é o Wagner Moreira Martins, filho do Ahias Moreira, artífice que instalava antenas e rádios nas Ruas e Fazendas para músicas e notícias chegarem a Entre-Folhas. Era década de 50 e assim é que Ahias sendo técnico era também comunicador. Wagner o ajudava aprendiz, mais tarde se tornou tipógrafo em Caratinga, Sabará e Advogado na Grande BH. Hoje, aqui está este livro. Coube a mim a honra de por nele as orelhas. Hesitei, mas como amigo e conterrâneo, devo tentar... Nesta, vou sussurrar sobre poesias e na outra orelha vou cochichar os contos.

Aqui está um Wagner acometido de “querência”, que é sentimento misto de melancolia, saudade e desejo. Algo de que sofre o gado levado longe do seu do seu curral. Lembra-me a Vaca-vitória de cor pitanga, a vaca astuta que em Seqüência, conto de Guimarães Rosa, se desgarra da boiada e volta. Vindo, traz consigo um moço em travessias várias e ao chegar, lhe desesconde uma das moças para o amor.

Assim Wagner nos envolve em querências... Abro o primeiro poema, ainda nascituro, o poeta já nos revela seu “sentimento do mundo”, nasce primeiro “esse braço pênsil, pêndulo em descompasso...” eis aí pintado o braço de Marat assassinado, ou de Cristo em Pietà, ou quem sabe melhor lhe diria Drummond - “vai ser gauche na vida!”.

Wagner dá “o adeus ao poeta” /êta homem besta, meu deus!/ e vai mesmo ser gauche, mas, “na venda de arlindo maria,/não havia tristeza que ia.”

Entre-montanhas-entranhas-rios-e-Folhas vaga Wagner perquirindo a vida. Encontro em “olho por olho” – o seu “antonio caroço” encrencando com o meu “vicente boné”, é briga na certa na rua da Rua. Brigas, amores indeclarados e amores voláteis: “você veio vindo,/.../ você se foi, como um pássaro,/deixando só a casca do alpiste / que não servia mais pra nada./

O poeta lamenta esse país indecente de “meninos carvoeiros”, mas de nada lhe serve Cuba, a menos que lhe seja um adorno amoroso: “não quero ir a cuba./.../ quero ir para casa,/.../ e encontrar você, cubana,/a adornar o meu leito.” Assim como o seu Che, ele prefere os “momentos de ternura”

E continua sensual: /quem será capaz de afastar/ o gosto da pitanga doce/ .../só sei que essa fruta madura / é o fruto que ela mastiga.”

Mas se pudesse mesmo, Wagner iria pra Pasárgada, e lá seria amigo do rei: “se eu pudesse, ah! se eu pudesse;/.../ e deixava que a vida fosse... “

Desiludido o poeta se indaga e nega a si mesmo: “o que mais nos resta/ a não ser a saudade perdulária/.../ /busco enfim / desfazer-me dos trapos / que me construíram./.../ num ímpeto, quase que temerário,/ de deixar ao passado o cordel de suas memórias.”

Em seu “rio de pedras” não corre água. Corre o nosso viver enquanto em paralelo transmutam os cenários. Trata de “ir de encontro ao mar” de viver o limiar e a morte, desvelar mistérios, constituir-se com o uno, expandir-se em universos, fundir-se ao sol, morrer e ser ressurreto e salvo.

Com “revoadas” de ironia e irreverência o poeta é agora um besta boquiaberto, como um pinico para as andorinhas das praças. Inconformado e inquieto, se perde em tentativas vãs de transformar as realidades e transformar os sonhos. Busca a razão que não há, quer amenizar a vida metamorfoseando cactos em suave e poderosa flor-de-rosa.

Quer domar insetos e duendes, pois estes sim, transmutam sonhos em terríveis realidades palpáveis e consistentes. Em sua arte de incompreender o mundo, resta apenas ao poeta preservar em si a poeira natal, para não sumir, sumir, sumindo...

Inculta e bela nossa “última flor do lácio” se faz viva e versátil, pelos chiques-chutes deste autor narciso em cabo frio. São deslugares, querências e um mineiro-em-praia cantando sampa, evocando em nós a canção que perpassa seus poemas:

...Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria? Como poderei viver? Como...?

.....

Em prosa, Wagner nos brinda com crônicas, causos assombrosos e outros contos. Textos reveladores da sua infância sensível, já ali a registrar o que o homem tem de humano. Pinta minuciosamente os objetos calejados, lugares repisados, luzes e matizes que conformam o sutil viver de um tipo de gente ainda sobreviva nele. Nomes antigos e as melhores falas interioranas estão aqui segregados em formato itálico, submetidos ao falar urbano-erudito.

Cuidando-me para não revelar o fim-dos-filmes, encontramos nestes textos situações tragicômicas entre animais mancos e mulheres domesticadas no serviço. Infelizmente a sombra da mangueira é cúmplice e guardiã de uma moral avô-paterna que a si preserva, cometendo crimes no próprio seio familiar. Cuidadoso, este avô não pôs a cruz na cova.

Mas quem sabe, sabe que é no “pau-da-grosa” que Wagner aprendeu a transformar a vida em causos, e para ele, “pau-da-grosa” é mais que tora tombada no Largo de Entre-Folhas: é o ponto do melhor humor, chacota, banco da boa maledicência.

Infância e adolescência povoadas por vozes e fantasmas noturnos. Menino arteiro em festividades, fogos e farras na madrugada, furtos de sacas de café, sopas de galo alheio, e o saboreio do cabrito assado é muito melhor se furtado. Adulto, é autor indignado com os donos do poder, desde o grande estado hegemônico até os pequenos prefeitos em eterna sucessão de corruptos. Apenas Dona Miloca comunga e candonga com este escriba em críticas aos políticos inoperantes e sem ideais. Wagner põe seu jaquetão de couro e se delicia, entre realidade e fantasia, e até jura que viu, ele e Nenzinha aquele 11 de setembro que o mundo todo viu.

Desiste e volta de vez, para encontrar o Tio Oscar, o oleiro hábil entre bilhas e barros, resistindo à modernização, preservando sua lamparina até..., até se quebrar como quebra o barro no “ponto de osso”. Volta para encontrar Cidoca – a empregada que, a exemplo dos patrões, quer ter seu retrato na parede. Prepara, se enche de coragem para tocar no assunto, mas, bastou Sô Zias pedir-lhe meia dúzia de ovos, entre bem e mal passados para Cidoca distrair-se e nunca mais pensar em ver daguerreótipo seu em parede alguma.

No conforto da terra natal, o autor rememora e se diverte desmontando um a um os seus e os nossos mitos. Na madrugada bisbilhota Faysson, o trabalhador sério que nos fins de semana se transforma em bêbado espirituoso e divertido. Mago e irreverente, vai devassando memórias, vai ressuscitando do nosso Entre-Folhas os piores lugares simbólicos: o caixote, a sapucaia, ..., o das putas e o dos presos, respectivamente.

O autor que neste livro fala, é alguém provocando alguém.

Queria ver o filho da mãe gritar: TATUUU!!!

E seguir vida dislalia, vida gauche."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Porque escrever um livro?


A idéia de escrever um livro sempre foi menor que a vontade em si.

Acredito que não há um ser humano que não vislumbre essa possibilidade, desde o impacto da primeira letra reconhecida. Entretanto, só cheguei a esse ponto, depois de verificar que alguns textos arquivados, desde a adolescência, fugiram de meu controle e ganharam caminho, entre amigos. Saíram e me voltaram, com a insistente recomendação, sobre a necessidade de se reuni-los em livro.

Não, nunca pensei em escrever um livro contando a minha vida, que não é diferente da vida de ninguém.

Não sei o que será de nós. De mim e de meus textos. Não tenho qualquer pretensão literária e sei que não represento o centro do universo.

Essa coletânea significa ainda, o resultado de uma compulsão pelo prazer poético e pela construção de idéias que a gente não controla e também não sabe explicar, o seu porque e de onde vem. Surgem de repente em forma de versos ou de personagens que construímos em meditações de alta madrugada, no esgarçado dos dias, no recôndito da infância e que refletem no fundo, uma parcela do foco oblíquo de nossa visão sobre o quotidiano.

Não é fácil escrever um livro. Não é fácil conviver eternamente com a idéia de escrever um livro, e não ter coragem de fazê-lo nascer, principalmente quando o principal fundamento de sua construção seja uma realidade acumulada no curso dos anos. Gavetas não lêem, não interpretam, não refletem nossos devaneios. Escrever é dolorido e ainda que fosse só pela dor da criação, os livros deveriam ser escritos. Os momentos que antecedem o lançamento, são melancólicos, ao mesmo tempo que esfuziantes. Não entendo bem de parto, a não ser com a visão de pai, mas posso dizer que os momentos que antecedem ao lançamento, são momentos semelhantes a um pré-parto. Mas logo virá a alegria da obra pronta.

Meu vicio mesmo é ler. Escrever é fruto de ócio e de minha convicção pela leitura. Espero que algum dia, eu possa ter a recompensa de ver “Fala, filho da mãe!!!” encartado em alguma estante simples, ou sendo manejado por um leitor anônimo. Já terá valido a pena.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Uma explicação que não tá no livro

O livro "FALA, FILHO DA MÃE!!!" é a reunião de 51 textos, divididos em duas partes. A primeira parte é composta de 34 textos escritos em forma de poemas. Não são versos rimados. Não trazem uma vinculação de estilo, mais para modernismo que pra qualquer outra coisa.

A segunda parte é composta de 17 textos escritos em prosa. Essa divisão numérica é aleatória, o que não acontece com o número final.

Não tenho superstições e nem acredito que o número 51 seja um número cabalistico, mas é um numeral que me acompanha desde cedo. Quando fui servir ao exército, meu número na lista de chamada era 151. Vencido o tempo militar, me arrisquei na politica e fui eleito vereador com um numero que terminava em 51. Ao completa 51 anos, descobri um tumor no rim direito e tive que extirpar o órgão como um todo. Imaginei que ali seria o meu fim. O 51 não tinha sido uma boa medida. Passada essa fase, comecei a publicar textos no Recanto das Letras. Um site do UOL, mas eu tenho a impressão que quando comecei não era deles não.

O texto que dá nome ao livro, coincidentemente, foi o de número 51. Qualquer dúvida, pode ser comprovada através do sitio

www.recantodasletras.com.br/autores/wagnermmartins

é o texto mais lido, de todos os textos que publiquei lá. Em menos de duas horas, atingiu a marca de 100 leituras.

O interessante é que os comentários começaram a chegar e sempre com a indicação de que deveria publicar meus textos.

Daí então, resolvi reunir 51 textos e lança-los em forma de livro.

Não estou arrependido. Tenho recebido elogios os mais variados, de pessoas ligadas às letras e à cultura. O livro tem saido bem. É claro que não sou nenhum Zuenir Ventura, nenhum Ziraldo, mas se me ajudarem posso quem sabe, chegar a Juiz de Fora(estou com lançamento marcado para lá no inicio do ano).

Tem um um outro detalhe entretanto, que precisa ser observado e que também está relacionado com o 51. Eu gosto de tomar umazinha de vez em quando, mas ODEIO A TAL DA 51! (entenderam?)

"FALA, FILHO DA MÃE!!!"



"FALA, FILHO DA MÃE!!!" é o título de meu primeiro livro.

Minha incursão pela literatura, tem início bem cedo, quando, ainda cursando os primeiros anos escolares, aconteceu um despertar para a criação de versos rimados, no estilo cordel. Vivendo intensamente a politica coronelista do interior, os períodos eleitorais formavam o ambiente ideal para a criação de motes e xistes, ora realçando a qualidade de um candidato qualquer ou colocando em cheque, a do adversário.

Na fase estudantil, não tive participações destacadas nos diretórios acadêmicos, nos gremios, sim, pois estava sempre por trás de construir algo que se parecesse com um jornal ou um boletim qualquer, para divulgar qualquer coisa que fosse. Assim foi, na escola, no exército, onde deu vida a um jornalzinho mimeografado que contava de forma jocosa, o dia-a-dia do quartel, em plenos anos de chumbo.

Cheguei a me imaginar jornalista, e, incentivo não me faltou pra isso. Achei melho ser advogado. Talvez porque o advogado tem o poder de defender o jornalista.

Hoje, sou advogado porque gosto. Já me arrependi de ser um dia, hoje não. Gosto do que faço. Gosto do Tribunal do Juri, onde, modéstia à parte, fico a vontade; na verdade, eu gosto é de Tribuna. Talvez seja por isso que fui vereador. Fui presidente também, de camara, mas não era tão legal como ser vereador. A tribuna me fascinou sempre.

Escrevo poesias por desencargo de consciencia. A inspiração baixa de vez em quando e eu acho que não se pode menosprezar a inspiração. Primeiro porque a gente não sabe quando ela volta, ou se volta.

Assim saiu o meu primeiro livro. Fiz uma incursão pela poesia. Poesia livre, sem rima, sem compromisso com escola com estilo. Dela eu pulei para o texto em prosa, muito mais difícil que a poesia.

Minha conclusão hoje, é que escrever dói, assim como dói o juri, a audiência, o balcão de forum. Mas tudo na vida dói. Fila de ônibus, juro de banco, carão de chefe, chifre da namorada, tudo dói. Então, de dor em dor, vamos construindo nossa estrada. Um pedaço dessa minha estrada, começa a ser contada no livro "FALA, FILHO DA MÃE!!!"