quinta-feira, 14 de outubro de 2010

DIGNIDADE NÃO SE COMPRA!!!

Júlio Bueno Brandão nasceu em Ouro Fino. Faz parte da galeria de homens públicos que deixaram uma tradição e exemplo de conduta íntegra pela sua sinceridade. Foi o único parlamentar contrário ao Estado de Sítio que ameaçava Minas no início de 1930. Dando lições de compromisso com a liberdade e demonstrando o seu caráter e sua dignidade, disse:

“Prefiro cair com Minas do que cair em Minas”

O mesmo não se pode dizer de certos políticos mineiros, sobretudo o Senador Itamar Franco. Só para refresco de nossa memória:

Em sua edição de 02/07/1997, a revista Veja publicava:

“Em vez de negociar e barganhar, Azeredo baixou uma proposta única: reajuste de 11% para oficiais que embolsam até 6.000 reais por mês e nada para soldados, cabos e sargentos, que chegam a receber 410 reais, ou quase quinze vezes menos. A esperteza de Azeredo produziu uma greve selvagem numa PM considerada modelo e descambou na mais funda crise política do Estado desde 1964, obrigando tropas do Exército a desfilar pela capital com tanques e veículos militares.”

E não há que se falar que foi uma crise preparada por setores oposicionistas. Continua a Veja:

"Expulsamos a CUT" -- Inútil atribuir esse ânimo a infiltrações na corporação pelos oposicionistas de sempre. A greve dos PMs mineiros não foi conduzida por um braço militar da CUT. Nasceu e foi conduzida pelo setor mais duro da tropa.

http://veja.abril.com.br/020797/p_026.html

Esse foi o início de um processo de desestabilização do Estado de Minas Gerais, que passou a exercer um papel secundário no cenário político nacional.

Dois anos depois, já no governo Itamar Franco, esse processo chegaria a um clima jamais imaginado, sobretudo, depois que Itamar avalisou a eleição de FHC à condição de Presidente da República

A Agência Folha de 11/08/99, publicava: De Belo Horizonte

“O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), ameaçou nesta quarta-feira desviar os rios que abastecem a hidrelétrica de Furnas, no rio Grande, sul de Minas, caso o governo federal privatize a estatal Furnas Centrais Elétricas.

Uma comissão de juristas, presidida por José de Castro Ferreira, ex-advogado-geral da União, que estudou a privatização da estatal, concluiu que a privatização da empresa, sem a aprovação prévia do governo de Minas, é inconstitucional, porque a Constituição concede aos Estados direitos sobre os rios dentro de seu território.

O relatório sugere que a Procuradoria Geral do Estado entre com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra a privatização. Ferreira disse que Itamar não fez uma ameaça, mas uma "parábola'' sobre a questão.”

http://www1.folha.uol.com.br/fol/pol/ult110899192.htm

Sobre esse (dês)governo, Ricciotti Piana, leitor do Jornal Tribuna da Imprensa faz o seguinte comentário em artigo formulado pelo Jornalista Carlos Chagas: (setembro 13th, 2010 at 19:03)

“Itamar Franco assumiu a presidencia da república num momento de crise nacional. Inflação alta,Collor, um presidente corrupto,vaidoso,arrogante , dono de um olhar desvairado, foi escorraçado, saindo do poder odiado pelo povo brasileiro.
Foi no governo de Itamar que se implantou o plano Real, depois assumido por FHC e Lula. A inflação foi domada.
FHC ao chegar ao poder foi cruel com Minas Gerais. Nenhum projeto que dependesse de verba federal foi implantado em Minas. Itamar se rebelou contra a privatizaçao de grande empresas, dentre elas as de eletricidade.

Colocou a Polícia Militar de Minas no entorno da Represa de Furnas para fazer manobras militares e disse que se Furnas fosse privatizada ele mandaria esvaziar todo o lago. Sem o lago, Furnas nao teria nenhum valor.

Minas pagou caro por esta atitude. Foi tratada a pão e água. Nenhuma obra federal.

FHC não perdoou Itamar e cheio de ódio colocou a PF e a Receita Federal para vasculhar a vida de Itamar. Nada foi encontrado… Nada. Itamar tinha um apartamento em Juiz de Fora, outro em BH e evidentemente um fusquinha!!!”
http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=11527

Mais a coisa não fica aí. Outros veículos de informação, dão ênfase à situação que durou os quatro anos em que Itamar esteve à frente do governo de Minas. O episódio que se descreve teve lugar quando da tentativa de invasão das terras DOS FILHOS DO PRESIDENTE (terras dos filhos não significam terras do presidente!):

“A hipótese de o governador Itamar Franco dar a ordem para que a PM atirasse nas tropas do Exército que guardam a Fazenda Córrego da Ponte (propriedade em nome dos filhos do Presidente) forçou uma reunião de Fernando Henrique Cardoso com sete de seus ministros, durante quatro horas, na noite de terça-feira (12). Diante da configuração da crise constitucional estaria justificado o pedido, ao Congresso, para uma intervenção federal em Minas Gerais, segundo informa a colunista Dora Kramer, do Jornal do Brasil. Ontem (dia 13) Itamar Franco encaminhou pedido de um estudo de viabilidade jurídica de desapropriação da área da fazenda.
Itamar ameaça FHC e agrava impasse
O governador mineiro, Itamar Franco, reagiu ao ataque do presidente Fernando Henrique Cardoso e encaminhou pedido à Procuradoria Geral do estado para ver se é possível desapropriar a fazenda dos filhos de FHC em Buritis (MG), segundo a Folha de S. Paulo.
Em carta, o Presidente classificara como "bazófia" o ultimato de Itamar para que o Exército deixasse a fazenda em Buritis. Integrantes do MST estão acampados em frente à propriedade desde anteontem.
"O prazo do sr. Presidente terminou. Cabe a mim o próximo lance", disse Itamar, que enviou a PM para a região. Os policiais militares, porém, ficaram na cidade e não foram à fazenda da família de FHC.
“O grande líder dos DEMOCRATAS(PFL), o todo poderoso Antonio Carlos Magalhães, chama Itamar de “doido”)
"Sanidade mental"
O presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), duvidou ontem (dia 13) da sanidade mental do governador de Minas, Itamar Franco, segundo O Globo. Ao comentar a atitude de Itamar de pôr tropas cercando o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, antes de anunciar que pretende levar adiante um processo de desapropriação da fazenda dos familiares do presidente Fernando Henrique, Antônio Carlos disse:
"Se havia alguma dúvida sobre a sanidade de Itamar, com esse gesto, essa dúvida deixa de existir. Acredito que os mineiros estejam estarrecidos com a atitude do governador".
O presidente do Senado foi irônico ao falar sobre os possíveis desdobramentos da atitude de Itamar.
"Ele vai ficar morando no Palácio da Liberdade, com os soldados. Afinal, um comandante tem que ficar junto com a tropa", disse.
Desfecho melancólico
Já caminhava o confronto entre o governador Itamar Franco e o presidente Fernando Henrique para o desfecho melancólico dos fatos que nunca deviam ter acontecido quando espocou a nota do ministro Pimenta da Veiga, segundo a coluna Panorama Político, de Tereza Cruvinel, de O Globo. Seu tom foi tão provocador como o de Itamar e acima do que foi usado por FH em sua carta dura, porém sóbria. Minas já não é mesmo conciliação, e não só por Itamar.
Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, 14.09.00

E a epopéia continua. Parece que o moço não entendia muito bem as coisas.

“Sebastião Nery conta no seu livro Folclore Político a facada que o Itamar Franco levou do Roberto Civita:

Franco conta esta história: “Certa vez recebi no Planalto um homem de imprensa muito importante, mas muito importante mesmo. Esse homem entrou no meu gabinete chorando muito. Perguntei por que ele chorava: “Eu quero agradecer o que o senhor fez por mim e pela minha empresa. O que o senhor quer de mim”? Eu respondi que só queria uma coisa: mesmo depois que deixassse o governo, queria que seus veículos falassem a verdade a meu respeito. Conco meses depois que deixou o Planalto, seu principal veículo passou a me atacar”.

Além de Itamar e do chorão, mais duas pessoas estavam presentos: os ex-ministros Henrique Hargreaves e Mauro Durante, da Casa Civil e da Secretaria Geral da Presidência. Leitores me perguntaram quem era “o homem da imprensa muito importante, muito importante mesmo” e qual “seu principal veículo”.

Não foi Roberto Marinho, como a maioria supôs. Foi outro Roberto, Roberto Civita. E o “veículo” a revista Veja. A Editora Abril, depois de três anos (90, 91 e 92) sem receber dinheiro público no governo Collor, estava à beira da falência, em 93. Como sempre acontece no Brasil, os governos nunca deixam de encontrar uma maneira de pagar os favores e salvar os poderosos.

Itamar, encantado e grato pela decisiva contribuição de Veja à derrubada de Fernando Collor, doou à Listel, da Editora Abril, sem concorrência, sem licitação, de mão beijada, o cartel das Listas Telefônicas, que na época pertenciam às estatais de telecomunicações em todos os estados.
Um presente, um cartório, um negócio de centenas de milhões. Quando se viu na capa da Veja, como “Napoleão de Hospício ou Oportunista”, Itamar soltou os piores palavrões do cais da Sicília.”

Essa foi de amargar. Vejamos como é visto o hoje senador de Minas:


“ITAMAR quer ainda ser o vice do SERRA más, a Veja e a Globo já o vetou, ITAMAR não tem amigos e nem aliados, foi humilhado na convenção do PMDB patrocinada pela cúpula paulista do PSDB, nesta convenção em que foi escolhido FHC a ser apoiado, estavam presentes, SERRA, FHC, AÉCIO, ACM e outros figurões ali ITAMAR foi humilhado e apagado e destruido, e depois no episódio das privatizações, FHC travou minas inclusive com apoio de AÉCIO NEVES que enfraqueceu ITAMAR e foi eleito em MINAS. AÉCIO com o GOVERNO de MINAS enfraquecido, foi arrumando migalhas para ITAMAR e ganhando sua confiança , ai o ITAMAR o apoiou para governador contra os amigos e aliados que o apoiara antes, numa traição sem precedentes em MG, no episódio da privatização de FURNAS e das tropas Mineiras na suposta batalha de CAPITÓLIO a REVISTA VEJA estampou outra capa humilhante para ITAMAR ao compará-lo a DOM QUIXOTE.

O ITAMAR é uma espécie de CAETANO VELOSO no temperamento. Não respeita suas potencialidades políticas divagando entre partidos e idéias se aliando ao primeiro bajulador que o elogia em público. O AÉCIO quando era Pres. da Câmara mordia e assoprava, junto com Arminio Fraga e o PSDB paulista eles destruíram ITAMAR e o GOVERNO DE MINAS FOI UM CAOS, para se ter uma idéia o ARMINIO FRAGA congelava a verbas de MG e depois vinha aqui em minas nessas entidades de classes extenções dos partidos políticos tipo Federação de Industria e etc. E minava o ITAMAR, quem arranjava estas palestras para o ARMINIO aqui em MINAS era o PSDB, era Aécio Neves pensando na sua eleição para governador e ia enfraquecendo o governador e depois trocou o apoio do ITAMAR pela liberação de migalhas do orçamento para fechar as contas do Gestão dele como governador, em fim o ITAMAR se auto intitulou Nacionalista e teve a coragem de chamar o governo do FHC de pau oco e foi aquela ladeira abaixo que todos presenciaram. Em fim, ITAMAR Governa com fígado e não é da confiança da Imprensa Paulista e nem do PSDB paulista para ser o vice do SERRA. Más por raiva do PT que sempre o apoiou vai fazer campanha pro serra mandado por AÉCIO seu atual tutor político.


Bate boca de Itamar e FHC. FHC chama Itamar e os mineiros de “CAIPIRAS”. Vale a pena ler. Quem conta a história é a revista ISTO É:

“No caso de FHC, o feitiço virou contra o feiticeiro. Quando, na sexta-feira 6, sugeriu que os peemedebistas descontentes com o governo “tomassem o caminho da roça”, iniciou um quiproquó com Itamar que até agora só rendeu bons frutos ao governador. “Quem sabe um dia nós nos encontremos na roça, nessa roça que todos nós amamos, não nessa sua roça dos palácios mundo afora, dos grandes salões que Vossa Excelência costuma habitar, esquecendo o povo brasileiro”, devolveu o peemedebista.
(parece que eles irão se encontrar agora, na roça de Minas, patrocinados por alguns prefeitos e com a cúpula do governo Anastasia)
“Mas o bate-boca não terminou aí. E a sequência coube ao próprio presidente. Em entrevista à rádio Guaíba, de Porto Alegre, na quarta-feira 11, disse que o governador mineiro salta de um partido para outro: “Partido para ele é instrumento para chegar ao governo”, disparou. Itamar respondeu em seguida. “Eu cuido da minha vida. Espero que ele cuide da dele e de seu governo. Particularmente do apagão e da ladroagem que dizem que existe por aí”, revidou. FHC sabe que se Itamar não ganhar a convenção peemedebista, marcada para o início de setembro, deverá mudar de legenda. Tentará sair candidato à Presidência pelo PDT ou pelo PL.”
http://www.istoe.com.br/reportagens/39360_BRIGA+DE+RUA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Carta de João Ubaldo Ribeiro ao ex-presidente FHC (Vale a pena ler)
Publicado em julho 21, 2010 por sejaditaverdade

No momento em que Fernando Henrique Cardoso pleiteia uma vaga na Academia Brasileira de Letras, vem à tona esta bela carta redigida pelo escritor João Ubaldo Ribeiro em 1998. Um trecho apenas:

“O senhor assumiu o governo em cima de um plano financeiro que o senhor sabe que não é seu, até porque lhe falta competência até para entendê-lo em sua inteireza e hoje, levado em grande parte por esse plano, nos governa novamente. Como já disse na semana passada, não lhe quero mal, desejo até grande sucesso para o senhor em sua próxima gestão, não, claro, por sua causa, mas por causa do povo brasileiro, pelo qual tenho tanto amor que agora mesmo, enquanto escrevo, estou chorando.
Eu ouso lembrar ao senhor, que tanto brilha, ao falar francês ou espanhol (inglês eu falo melhor, pode crer) em suas idas e vindas pelo mundo, à nossa custa, que o senhor é o presidente de um povo miserável, com umas das mais iníquas distribuições de renda do planeta. Ouso lembrar que um dos feitos mais memoráveis de seu governo, que ora se passa para que outro se inicie, foi o socorro, igualmente a nossa custa, a bancos ladrões, cujos responsáveis permanecem e permanecerão impunes. Ouso dizer que o senhor não fez nada que o engrandeça junto aos corações de muitos compatriotas, como eu. Ouso recordar que o senhor, numa demonstração inacreditável de insensibilidade, aconselhou a todos os brasileiros que fizessem check-ups médicos regulares. Ouso rememorar o senhor chamando os aposentados brasileiros de vagabundos. Claro, o senhor foi consagrado nas urnas pelo povo e não serei eu que terei a arrogância de dizer que estou certo e o povo está errado. Como já pedi na semana passada, Deus o assista, presidente. Paradoxal como pareça, eu torço pelo senhor, porque torço pelo povo de famintos, esfarrapados, humilhados, injustiçados e desgraçados, com o qual o senhor, em seu palácio, não convive, mas eu, que inclusive sou nordestino, conheço muito bem. E ouso recear que, depois de novamente empossado, o senhor minta outra vez e traga tantas ou mais desditas à classe média do que seu antecessor que hoje vive em Miami”

Diante dessas evidências, fica muito claro que dignidade não se compra. Talvez o senhor Itamar Franco tenha mesmo essa tendência para ficar na dependência. Afinal, prefeito de Juiz de Fora, nos idos da década de 70 do século passado, foi chamado e se elegeu na barca do mudancismo propugnado pelo MDB, já que não dispunham de nomes mais altos para fazer frente a José Augusto Ferreira. Ia bem.

Num desses repentes que a gente não entende, aproveitou-se da onda do “Caçador de Marajás” e virou presidente, caladinho, caladinho, na surdina, torcendo para que o impeachment corresse de gosto dos que conspiraram. (hoje eles criticam e dizem que Collor apóia a Dilma!)

Posteriormente, virou governador, beneficiando-se da fragilidade de Eduardo Azeredo que nos proporcionou o espetáculo dos tanques militares desfilando pelas ruas de BH.

Deixou o governo de Minas em situação estranha, valendo-se de Aécio nos moldes relatados pela revista Isto É, contribuindo para a eleição do neto de Tancredo, contra o posicionamento de todos os seus aliados.

Agora, sem muitas chances de ser conduzido ao senado, valeu-se do prestigio de Aécio para voltar à Câmara Alta. E assim vai...

Minas não pode e não deve seguir essa tendência. O fato de Itamar estar hoje, beijando as mãos da turma de São Paulo, juntamente com Aécio, deixa em evidência que nosso espírito de vira latas deve prevalecer.

Pra concluir, resta dizer que, no episódio da sucessão, AÉCIO foi preterido pelos paulistas que lhe deram um “passa minino” e agora cobram dele, a responsabilidade de conduzir Minas a seus pés.

Isso afastará Minas em definitivo de uma perspectiva de volta à presidência da República, posto que em 2014, no caso de uma suposta vitória de Serra, esse com certeza, jamais abriria mão para que Aécio fosse o candidato. Talvez, no final de tudo, como aconteceu com Juscelino, possa surgir um resgate dos que foram preteridos.

Eu, prefiro a disposição de Bueno Brandão:

Preferível os que caem com Minas, de pé, aos que caem em Minas, ajoelhados!

POR QUE VOTAR EM DILMA

O meu primo Iraq Rodrigues, outro jornalista da família, me enviou uma mensagem na qual consta o texto de Eduardo Campos, presidente da Casa do Jornalista de Minas Gerais:
Caros amigos,
Não pretendo, naturalmente, entrar no festival de baixarias que tem tomado conta da internet nessas eleições. Muito menos em absurdas polêmicas acerca das convicções religiosas ou das preferenciais sexuais ou esportivas de cada candidato. Como pessoas inteligentes, nenhum de nós, certamente, dá atenção ao carnaval de spams que temos recebido diariamente, instrumentos de quem não tem o que debater politicamente e que se esconde no anonimato covarde, típico dos que fogem ao embate democrático das ideias.
Como sabem, votei em Plínio de Arruda Sampaio no primeiro turno, por considerá-lo a única alternativa em disputa com o objetivo de contribuir para a democratização radical dos rumos do país, em termos não apenas políticos, mas também sociais, econômicos e culturais.
Agora, contudo, temos que escolher entre duas alternativas, e não é possível ficar calado diante da ameaça de grave retrocesso, com características fascistóides, representada pela candidatura Serra.
Continuo considerando que há muitos pontos de identidade entre ambos os projetos (política econômica e corrupção, para citar dois exemplos), mas não é possível abstrair o risco que significa a vitória tucana no sentido de restringir as liberdades civis, de liquidar com o que ainda temos de patrimônio público, de comprometer ainda mais as já combalidas conquistas trabalhistas efetivadas a partir de 1988 e de recolocar o Brasil na órbita das potências hegemônicas mundiais, especialmente os Estados Unidos.
Não voto em Dilma por grande afinidade com suas propostas, mas para barrar a reascensão do que há de mais reacionário, retrógrado, anti-social em nosso espectro político, representado pela aliança PSDB-DEM.
Aproveito para encaminhar uma análise que me parece muito lúcida e interessante, publicada há dias na UOL, via blog do Sakamoto - cientista político que não conhecia - acerca da transferência de renda efetivada no país nos governos FHC e Lula. Demonstrando que ambos favoreceram, com suas políticas, o capital financeiro parasitário, denuncia, ao mesmo tempo, o preconceito abjeto que existe contra a população pobre beneficiária de programas sociais compensatórios (cujos limites ele aponta). Isso faz lembrar o processo de afirmação do Estado liberal moderno, em que os que recebiam alguma proteção social assistencialista do poder público eram destituídos de sua condição de cidadãos, penalizados por serem considerados, em última instância, responsáveis por seu próprio fracasso.
Do Blog de meu amigo e conterrâneo Flávio Anselmo