quinta-feira, 14 de outubro de 2010

POR QUE VOTAR EM DILMA

O meu primo Iraq Rodrigues, outro jornalista da família, me enviou uma mensagem na qual consta o texto de Eduardo Campos, presidente da Casa do Jornalista de Minas Gerais:
Caros amigos,
Não pretendo, naturalmente, entrar no festival de baixarias que tem tomado conta da internet nessas eleições. Muito menos em absurdas polêmicas acerca das convicções religiosas ou das preferenciais sexuais ou esportivas de cada candidato. Como pessoas inteligentes, nenhum de nós, certamente, dá atenção ao carnaval de spams que temos recebido diariamente, instrumentos de quem não tem o que debater politicamente e que se esconde no anonimato covarde, típico dos que fogem ao embate democrático das ideias.
Como sabem, votei em Plínio de Arruda Sampaio no primeiro turno, por considerá-lo a única alternativa em disputa com o objetivo de contribuir para a democratização radical dos rumos do país, em termos não apenas políticos, mas também sociais, econômicos e culturais.
Agora, contudo, temos que escolher entre duas alternativas, e não é possível ficar calado diante da ameaça de grave retrocesso, com características fascistóides, representada pela candidatura Serra.
Continuo considerando que há muitos pontos de identidade entre ambos os projetos (política econômica e corrupção, para citar dois exemplos), mas não é possível abstrair o risco que significa a vitória tucana no sentido de restringir as liberdades civis, de liquidar com o que ainda temos de patrimônio público, de comprometer ainda mais as já combalidas conquistas trabalhistas efetivadas a partir de 1988 e de recolocar o Brasil na órbita das potências hegemônicas mundiais, especialmente os Estados Unidos.
Não voto em Dilma por grande afinidade com suas propostas, mas para barrar a reascensão do que há de mais reacionário, retrógrado, anti-social em nosso espectro político, representado pela aliança PSDB-DEM.
Aproveito para encaminhar uma análise que me parece muito lúcida e interessante, publicada há dias na UOL, via blog do Sakamoto - cientista político que não conhecia - acerca da transferência de renda efetivada no país nos governos FHC e Lula. Demonstrando que ambos favoreceram, com suas políticas, o capital financeiro parasitário, denuncia, ao mesmo tempo, o preconceito abjeto que existe contra a população pobre beneficiária de programas sociais compensatórios (cujos limites ele aponta). Isso faz lembrar o processo de afirmação do Estado liberal moderno, em que os que recebiam alguma proteção social assistencialista do poder público eram destituídos de sua condição de cidadãos, penalizados por serem considerados, em última instância, responsáveis por seu próprio fracasso.
Do Blog de meu amigo e conterrâneo Flávio Anselmo

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